Ainda bem pequeno, meus pais se separaram; eles brigavam muito e passávamos muitas necessidades. Diante de tudo isso, fomos morar com meus avós e um tio solteiro numa edícula nos fundos da casa de uma tia. Partimos num táxi e em algum momento de nosso percurso meu pai desceu. Lembro-me de ter chorado bastante ao vê-lo pelo vidro traseiro do carro ficando cada vez menor enquanto nosso carro se afastava.
Sentia muito a falta de meu pai e não conseguia aceitar que ele tinha ido embora. Toda tarde eu ficava no portão esperando por ele, mas ele nunca voltou. Eu tinha meu avô e dois tios que ajudaram a atenuar muito a falta que sentia de meu pai.
Porém, pouco antes de completar 12 anos de idade, um dos meus tios mudou-se para outra cidade a trabalho, o outro separou-se da minha tia e tivemos que nos mudar. De uma hora para outra, perdi duas pessoas muito importantes, meus amigos de infância, a escola e como se não bastasse isso, meses depois, meu avô faleceu. Meu mundo ruiu. Sentia uma tristeza sem igual e não queria mais viver, não queria mais sentir essa dor.
Em meio a esses pensamentos de morte senti uma vontade muito grande de folhear um livrinho, que estava por anos guardado num móvel antigo na casa da minha avó. Era um Novo Testamento e, ao me deparar com o verso 4 do capítulo 5 de Mateus, meu coração ardeu. Não conseguia parar de ler. Recordo-me de imediatamente falar para todos de casa sobre aquelas palavras maravilhosas e o desejo de pregar a Palavra perdurou pelos anos.
Somente 5 anos mais tarde, fui visitar a Igreja Presbiteriana a convite de um amigo. Ao me tornar membro meu chamado aflorou e fiz o seminário, pós-graduação e mestrado. Atualmente pastoreio uma igreja presbiteriana na cidade onde moro. Minha mãe, irmã e sobrinhos também foram alcançados pela graça irresistível do Senhor.
Sou imensamente grato àqueles que se dispuseram a cooperar de alguma maneira para que eu pudesse ter acesso à voz de Jesus Cristo, que me deu uma vida abundante, me encheu de alegria e de contentamento, que fez aquele garoto desprezado se sentir amado e especial, que lhe deu a companhia que jamais o abandonará. Welerson E. P.